terça-feira, 11 de agosto de 2015

Lais Souza: 'Eu me vejo trabalhando com esporte'

O que posso dizer de minha admiração por Lais Souza que já não tenha dito antes?

E esse sorriso maravilhoso, capaz de inspirar um país inteiro?
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Lais Souza: 'Eu me vejo trabalhando com esporte. Competindo ou comentando'

A atleta ficou tetraplégica após acidente em treino com esqui. Mas exibe bom humor e pensa em se tornar ou paratleta ou comentarista de ginástica ou esqui

11/08/2015 às 18:14 - Atualizado em 11/08/2015 às 19:12



 Lais Souza: 'Tenho momentos ruins, mas preciso de energia para melhorar,
nada é fácil' (Rodrigo Antonio/VEJA)

A ex-ginasta e ex-esquiadora Lais Souza participou nesta terça-feira dos debates olímpicos promovidos pela Abril no Rio, projeto da editora Abril para os Jogos Olímpicos de 2016. Alegre e espontânea, com tiradas cheias de humor, Lais deu detalhes do acidente que a deixou tetraplégica, há um ano e sete meses, durante um treino de esqui nos Estados Unidos. Ela falou sobre as dificuldades de viver em uma cadeira de rodas, da importância do auxílio de seu cuidador e dos familiares, dos avanços em sua recuperação, e do seu futuro, que deve ter o esporte como centro, seja competindo ou como comentarista.

"Não tenho muitas opções, mas tenho pensado bastante em ser paratleta, conheci há pouco tempo a bocha adaptada. E também penso em trabalhar como comentarista de ginástica ou esqui, ou os dois né? Por que não?", disse Laís, em São Paulo.

Ela não se constrange em nenhum momento em falar do acidente. "Aconteceu quando treinava velocidade e freada na neve, a uns 70 km/h, perdi o timing, não sei extamente o que aconteceu...", contou Lais sobre o momento em que se chocou contra uma árvore, em Salt Lake City, onde treinava para os Jogos de Inverno de Sochi, em 27 de abril de 2014. Aos 26 anos, Lais contou que ter sobrevivido ao acidente foi "a vitória mais importante de sua carreira" e disse estar respondendo bem aos tratamentos. "Depois de aplicação de células-tronco nos Estados Unidos, tenho mais sensibilidade no corpo."

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Lais não recuperou os movimentos dos membros inferiores e superiores, mas não perdeu as esperanças. "Acredito que vou me recuperar, nem que seja apenas num dedo. Acredito nisso", contou, exibindo a tatuagem em seu braço direito, que representa um cadeirante voltando a andar. Disse ser muito agitada, "espoleta", e revelou um de seus hobbies no momento - que ainda a ajuda no tratamento. "Para fortalecer o diafragma e respirar sozinha eu cantava muito na UTI."

Lais: bom humor e muita esperança(Rodrigo Antonio/VEJA)

Acompanhada de seu curador, Willian Campi, a jovem natural de Ribeirão Preto agradeceu ao apoio dos fãs e das pessoas mais próximas. "Agradeço por tanta gente me ajudar ainda a ser eu mesma novamente. Como não me movimento, minha equipe tem umas dez pessoas. Hoje se eu quiser tomar um banho com calma preciso de três horas, é tudo difícil. Tenho hoje nova relação com minha família. Estamos nos conhecendo novamente."

Lais disputou as Olimpíadas de Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012 como ginasta. Ela disse aguardar um convite da organização dos Jogos do Rio para acompanhar de perto as partidas. "Além da ginástica, sou fã de basquete, vôlei, handebol. Fui a várias Olimpíadas, mas não tinha tempo de ver os jogos, gostaria de aproveitar isso agora."
(Da redação)


segunda-feira, 10 de agosto de 2015

“Crise é para os fracos” e outras cinco notas de Carlos Brickmann

Meus caros,
razões não são necessárias para transcrever um artigo de Carlos Brickmann. É um de nossos maiores jornalistas e conhece como poucos os intestinos traiçoeiros de nossa política. Seus comentários a respeito do atual desgoverno petralha são sempre uma luz no fim do túnel.

Bernardo
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Crise é para os fracos

Carlos Brickmann

Inflação em alta, PIB em baixa, desemprego em alta, popularidade da presidente em baixa, som das panelas em alta, vozes do governo em baixa ─ vozes que não se manifestaram nem para defender o companheiro de partido que sempre adularam, neste momento em que é recolhido à prisão. A coisa está tão séria que Aloizio Mercadante, em geral coerente em sua arrogância, comportou-se com modéstia no Congresso, dizendo que o PSDB age de modo elegante, e admitiu até que o Plano Real conteve a inflação ─ justo ele, que liderou a oposição do PT ao Real e garantiu que aquilo não ia dar certo. Tão grave que Michel Temer, sempre cauteloso, disse que alguém tem de unir de novo o país ─ alguém cujo nome, claro, comece com M, de Michel Miguel Elias Temer Lulia.

Mas a crise não é o maior problema de Dilma. O maior problema é que ela deixou de ter importância política. Convocou 80 parlamentares para um churrasco noturno ─ algo inusitado no horário ─ e lhes fez uma série de exortações. Dali os parlamentares saíram direto para um jantar normal, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para rir dos pedidos de Dilma e combinar as próximas derrotas que lhe imporiam. Combinaram e executaram: multiplicaram o salário de várias carreiras jurídicas, com 95,3% dos votos (até de petistas), arrombando o ajuste fiscal. No dia seguinte abriram caminho para examinar as contas de Dilma. Se as rejeitarem, fica a seu critério colocar o impeachment em votação.

O problema de Dilma não é a crise. É não ser mais levada a sério.

Como é o nome deles

Michel Miguel Elias Temer Lulia faz anos em 23 de setembro. É casado com Marcela Tedeschi Araújo Temer, nascida em 16 de maio. 

É bom ir decorando.

Fuscão vermelho

Numa estranha reportagem, sob o título Intelectuais ligados ao PT criticam prisão, aparecem apenas cinco personalidades em todo o país que defendem José Dirceu: os atores José de Abreu e Paulo Betti, os escritores Luiz Fernando Veríssimo e Fernando Morais e o produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto. O editor e escritor Luiz Fernando Emediato associou-se depois ao grupo. Nada de Chico Buarque, Marilena Chauí, Antônio Cândido, Frei Betto, Leonardo Boff e outros intelectuais sempre ligados a José Dirceu.

Deixaram-no só.

Dez anos depois

Diziam os antigos que os poetas eram adivinhos; a palavra “vate”, poeta, gerou “vaticínio”, adivinhação. Pois não é que os antigos tinham razão? No Carnaval de 2004, o Bloco do Pacotão, formado por jornalistas de Brasília, cantou a marchinha Ô, Waldomiro!, sobre o vídeo em que Waldomiro Diniz, auxiliar próximo de José Dirceu, negociava propina com o bicheiro Carlinhos Cachoeira (https://youtu.be/dmHAPk8RI6Y). 

Dizia a letra: Ô Waldomiro, ô Waldomiro, me responda, por favor/ Se neste rolo, o bicho pega, nosso Lulinha Paz e Amor. /Ô Waldomiro, ô Waldomiro, me diga o bicho que deu/ Se o Zé Dirceu, se o Zé Dirceu, se o Zé Dirceu também comeu. /Ô Zé Dirceu, que bicho deu? Ô Zé Dirceu, eu quero o meu./ Ô Waldomiro, Ô Waldomiro, me diga o bicho que deu/ Se quem comeu, foi só o Magela, ou Zé Dirceu também comeu. 

Magela era político do PT de Brasília. O presidente da República na época era Lulinha Paz e Amor.

Passa, passa, Pasadena

E, por falar em passado, já acabaram as investigações sobre a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos? Em 2005, uma empresa belga, a Astra Oil, comprou a Refinaria de Pasadena, no Texas, por US$ 42,5 milhões. Um ano depois, em 2006, a Petrobras pagou à Astra Oil US$ 360 milhões por metade da refinaria (mais uma parte do estoque de petróleo para refinar). Em 2012, a Petrobras comprou a parte da Astra Oil, os 50% restantes, gastando US$ 812 milhões. No total, pagou US$ 1,18 bilhão pela refinaria que a Astra Oil tinha comprado cerca de sete anos antes por US$ 42,5 milhões. Foi o caso Pasadena que tornou conhecido um discretíssimo diretor da Petrobras chamado Nestor Cerveró.

Mas, escândalo encobre escândalo, faz tempo que ninguém fala de Pasadena. Mas a pouco usual operação certamente ainda dará o que falar.

O Brasil paulistano


Preste atenção em uma série de episódios da administração do prefeito paulistano Fernando Haddad que lembram casos federais protagonizados por seu partido, o PT. Há problemas germinando: a parceria público-privada para a iluminação de São Paulo foi suspensa pelo Tribunal de Contas do Município, por irregularidades. As ciclovias, orgulho maior do prefeito, foram feitas sem concorrência pública (a desculpa, por incrível que pareça, é que não se tratava de “obras”, mas de “readequações” ─ embora as placas se referissem às obras das ciclovias). A concorrência para implantação de faixas de ônibus foi suspensa, por indícios de superfaturamento, pelo Tribunal de Contas da União (que examina o caso, já que há verbas do PAC). Alguns dias antes, o Tribunal de Contas do Município também tinha mandado suspender as obras, pelo mesmo motivo. 

Marta Suplicy, prefeita pelo PT, fez inúmeras faixas de ônibus sem suspeita de superfaturamento. Ou seja, é possível. Haddad trabalhou com Marta, mas só na área de criar taxas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

"UATAFAC", por Vlady Oliver

Meus caros,
vivemos o prenúncio de um novo impeachment, tão justificado ou mais do que aquele que testemunhamos em 1992. Hoje, em meio à derrocada desse desgoverno, Gerson Camaroti, do G1, veiculou a grotesca notícia de que ninguém menos do que Lula estaria sendo cogitado para ocupar algum dos inúmeros ministérios de Dilma, como suposta solução para "estancar a crise". O colunista Vlady Oliver escreveu artigo excelente que merece ser transcrito por ecoar a opinião da grande maioria dos brasileiros, e por caracterizar com perfeição esse bando de nojentos, vagabundos e corruptos que infecta o governo.

Bernardo
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Oliver: UATAFAC?

Vlady Oliver

Quer dizer que isso aí é isso aí mesmo? A canalhada quer a volta de ninefingers pelo atalho de um ministério picareta? Quer o nojento-chefe escondido num carguinho qualquer que lhe garanta a blindagem de um foro privilegiado? Isso aqui só pode ser o Brasil mesmo. O país da impunidade rampeira. O país dos inimputáveis. O país dos elogios rasgados a tudo o que é essa pilantragem nojenta que nos empurram dia sim e dia também por aqui.

Não é para menos que o brasileiro — qualquer brasileiro — esteja a ponto de explodir. Não é saudável termos no poder gente com essa índole cortejando uns aos outros numa festinha indecente; siameses na rapinagem do Estado elefante que nos gatuna o futuro do país. Lembro muito bem das lições que tive de minha advogada — uma das melhores do país, mas que nunca defendeu bandidos — sobre a tal “consciência jurídica” que se forma num processo. Os caras querem fugir, dissimular, mentir, provocar, negociar com as autoridades, de modo a continuarem inimputáveis, reincidentes, criminosos e servidores públicos.

É um escárnio. Em que lugar decente deste planeta um programa de partido como o de ontem teria voz e vez, escoiceando a plebe rude? O Goebells em compota — mais conhecido como Santanão — bem que tentou dourar o supositório antes de expô-lo ao mundo. Não colou. Ocupado com minhas panelas, não vi, não li, nem entendi do que se tratava aquela tramóia. Vendo depois, tudo fica claro.

O PT quer provocar o país. Quer assustar o cidadão. Quer dissimular. Esconde a roubalheira endêmica com a peneirona da ideologia rombuda e os eufemismos de quem é mestre na prestidigitação. Que eu saiba, toda a história da humanidade está recheada de calhordas que, mais cedo ou mais tarde, revelaram sua real natureza. O que vai por aqui é a tentativa mais torpe e pusilânime de enganar a plebe rude mais uma vez.

Não há um cretino agora, daqueles pagos pela mortadela oficial com o nosso dinheiro público, que venha defender o legado desses bandidos. Estão todos assustados com o banho de imersão que pode matá-los, grudados que foram na bolsa de gônadas dos chefes de toda essa vigarice. E a mulher-erectus continua lá, grudando velcro no Planalto. Alheia aos gritos inclementes da nação danada, que pede que a rendição se dê em condições de civilidade.

O partido vem à público desafiar a sociedade, meus caros. Bem se vê de que forja foram feitas essa fundas picaretas, que atiram no cidadão comum a pedrada da indecência na política. Ontem foi o dia de muitas lideranças cacarejarem em coro. Foi o dia de pedir entrevista até com o porteiro do Congresso. Todos juntos e irmanados numa tal de governabilidade, que nada mais é que a senha para roubar mais um pouco, enquanto ainda há tempo. Pouco tempo.


Não há contemporização que chegue com essa gente no poder, meus caros. A carta-renúncia da mamulenga já foi escrita. Num país tão louco que a dona pediu ajuda aos universitários — com diplomas falsos como o dela — para redigir o documento que ela não pretende entregar a ninguém. O que ela quer mesmo é se vestir para a guerra, tal qual um Rambo fora de esquadro, brandindo sua baionetinha velha nos transeuntes, de modo a mostrar quem ainda manda por aquelas paragens e paredes.

Vá cuidar do netinho superfaturado. Aproveita enquanto a cabeçona manca ainda se sustenta sobre o pescoço. A do meu sobrinho, por exemplo, foi abatida a pauladas recentemente. Encara esse país que vocês governam, uma farsa gigantesca chamada Brasil, agora que ele tá lá fora do palácio, te esperando.
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