terça-feira, 24 de setembro de 2013

Bernardices


Meus caros,
iniciei meu primeiro blog em 2009 por livre e espontânea pressão. Considerava o formato caótico e próprio para divagações adolescentes. Verguei, por fim, diante da insistência dos amigos e o tempo veio provar de maneira contundente meu completo engano. O que começou com a despretensiosa reunião de textos que eu escrevera para o Orkut se transformou em plataforma ideal para todos os tipos de textos, sobre os mais variados assuntos. Experiências, relatos, entrevistas, pesquisas rápidas ou profundas, tudo.

Preso à regra que me impus, de trazer apenas material original e inédito, nunca publiquei material alheio em meu O Patativa. Acredito que a blogosfera anda num processo de vampirização que impede seu crescimento e fragiliza a legitimidade das fontes de informação vindas da Internet. Segui esse procedimento à risca e foi para meu supremo prazer que verifiquei a utilização de O Patativa, inúmeras vezes, em trabalhos de graduação e mestrado em áreas como teatro, história, política e até lingüística.

Momentos houve, porém, em que desejei publicar coisas mais prosaicas, curtas, curiosidades e textos que não eram meus. No Orkut — de saudosa e imorredoura memória — isso era possível e gerava discussões construtivas e divertidas. Já no Facebook, insípido, plástico e falso, não consegui. O Orkut tinha como foco principal as comunidades, freqüentadas para conhecer pessoas e trocar idéias. No Face o único interesse é uma auto-promoção mórbida e inteiramente inútil. O primeiro era uma escola onde se namorava, brincava e aprendia. O segundo é a vitrine de uma loja metida à besta; olhamos sem interagir.

O Facebook é um Twitter turbinado; o tal “feed” de notícias serve apenas para a publicação de nossas próprias misérias — ou a repetição preguiçosa das misérias de alguém famoso — passando-se ao largo de qualquer outra coisa. Não há discussão, não há reflexão, não há aprofundamento. No máximo “curtimos” a imbecilidade de um ou de outro. O processo é tão tênue, tão raso, tão vazio, que em questão de minutos tudo já desapareceu, soterrado por um dilúvio de novas imbecilidades. O Facebook é Lavoisier ao contrário: tudo se perde e nada se transforma.

Eis porque decidi parir estas Bernardices. O Patativa segue, com pesquisas alentadas, originais e inéditas. E este blog será para o registro de fatos curiosos, coisas mais simples, e nem sempre de minha autoria, acompanhados, como sempre, de belas imagens e fotos raras. E com o mesmo objetivo de inovar, contribuir, compartilhar, ensinar e aprender.

A foto do banner é a formatura da turma de 1932 do Largo São Francisco. Na extrema esquerda, em pé, sobraçando papéis e seu chapéu está meu amado e saudoso Francisco Assumpção Ladeira, cuja família me cedeu a foto. Ao centro, sentado, com expressão gravíssima, o velho e benemérito Francisco Morato.

Divirtam-se.
Bernardo Schmidt
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