sábado, 27 de fevereiro de 2016

"Que venha o impeachment!", por Roberto Freire

Os novos desdobramentos da Operação Lava Jato, com a prisão do marqueteiro petista João Santana, desnudaram a magnitude do projeto criminoso de poder levado a cabo pelo PT nos últimos 13 anos. Os indícios de que o publicitário teria recebido dinheiro por meio de contas mantidas no exterior por uma das empreiteiras envolvidas no petrolão – supostamente para quitar despesas de campanhas do partido – ligam o esquema de ilegalidades ao núcleo do lulopetismo e, se é que ainda havia alguma dúvida a respeito, levam o maior escândalo de corrupção da história da República a subir a rampa do Palácio do Planalto.
Mais do que um simples marqueteiro, responsável pelas campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), Santana se transformou em um conselheiro político da presidente da República, o que lhe rendeu a alcunha de “ministro informal da propaganda” do governo lulopetista. Sua prisão reforça as suspeitas de que a campanha à reeleição de Dilma foi financiada pelo dinheiro desviado da Petrobras por uma verdadeira quadrilha que assaltou o Estado brasileiro, o que impulsiona as ações que pedem a cassação da chapa encabeçada pela petista junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Além da hipótese da cassação da chapa, que será examinada pela Corte Eleitoral, a tese do impeachment da presidente ganha força às vésperas de novas manifestações que tomarão as ruas brasileiras no próximo dia 13 de março. Ao contrário da versão propagada pelo governo nos últimos meses, ela nunca havia saído da pauta, embora tivesse sofrido certo arrefecimento desde o fim do ano passado. Na esteira da nova fase da Lava Jato, que conecta cabalmente o petrolão ao gabinete presidencial, não há dúvida de que volta à ordem do dia com força total.  
As oposições já se manifestaram publicamente em apoio à nova rodada de protestos em todo o país, convocando seus militantes e toda a sociedade brasileira a irem às ruas em prol do impeachment. Não são Dilma ou o PT que vêm sangrando em meio à mais grave crise já enfrentada em nossa história, é o próprio país! A presidente e seu partido fazem o Brasil sangrar com a corrupção desenfreada, o desmantelo, o estelionato eleitoral, o desemprego, a inflação, a ameaça às instituições republicanas, entre outras mazelas. Precisamos, urgentemente, de um novo rumo, e só será possível trilhar esse caminho a partir de um governo mais ético, decente e eficiente.
A mobilização da opinião pública e das forças políticas em favor do impeachment, apoiado pela expressiva maioria da população brasileira, também é importante para sensibilizar o Supremo Tribunal Federal (STF). Os ministros têm a obrigação moral de julgar com celeridade os embargos apresentados pela Câmara dos Deputados que contestam a absurda decisão da Corte de mudar o rito do processo de impedimento no Congresso, interferindo abusivamente no Poder Legislativo e contrariando entendimento anterior firmado quando do afastamento do então presidente Fernando Collor, em 1992.
Independentemente do que vier a decidir a Suprema Corte em relação às contestações apresentadas pela Câmara, o fato inescapável é que o desgoverno do PT está na berlinda, acuado diante das investigações sobre as práticas criminosas cometidas nesses tristes tempos de Lula e Dilma. Os brasileiros devem se inspirar no lema adotado pelos movimentos sociais que convocam a manifestação de 13 de março: “ou você vai, ou ela fica”. É disso mesmo que se trata. Nunca estivemos tão perto de colocar um ponto final no pior governo da história da República e, para tanto, é fundamental tomar as ruas de norte a sul do país e cerrar fileiras em favor da Lava Jato, da democracia, das instituições e do futuro do Brasil. A hora é agora, não dá mais para esperar. Impeachment já!

Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

domingo, 14 de fevereiro de 2016

"O Que Lula Tem a Dizer", por Eliane Cantanhêde

Dilma, o PT e o País querem a verdade de Lula, mas que verdade?

Eliane Cantanhêde
Dilma Rousseff, a cúpula e os militantes do PT e o próprio Instituto Lula esperam ardentemente por explicações claras, honestas e objetivas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o sítio de Atibaia, o tríplex no Guarujá, as operações de compra e venda de medidas provisórias, as viagens em jatos das empreiteiras da Lava Jato, o milionário envolvimento do filho com um lobista com interesse no seu governo. Vão ter de esperar sentados.
O que Lula poderá dizer? Que não sabe, não viu, não ouviu e não tem nada a ver com o sítio para onde levou metade da mudança, 37 caixas de bebidas (haja adega!) e os seguranças da Presidência da República 111 vezes? Nem com o tríplex onde Marisa Letícia supervisionava as obras da cozinha, dos quartos, do elevador interno? Nem com a fortuna que o caçula ganhou para copiar a Wikipédia? Nem com a relação de causa e efeito entre as suas viagens e as vantagens obtidas por empreiteiros agora presos na Lava Jato?
Se Lula mentir para Dilma e o PT, tudo bem, porque eles estão aí para isso mesmo. Se mentir para a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal, está frito, porque essa gente não brinca em serviço. Mas ele pode falar a verdade? Como explicar o inexplicável?
É um problemaço, porque Dilma precisa saber, o instituto precisa ter o que dizer, o PT precisa ofender procuradores, policiais, juízes e jornalistas com algo mais do que adjetivos indignados, certo? É preciso substância tanto na defesa quanto no ataque. Até agora, necas. Lula reclama que Dilma não o defende com o empenho necessário, mas ela rebate com um argumento irrefutável: se nem ele sabe como se defender, que mágica ela pode fazer?
Na sexta-feira, o conselho do Instituto Lula se reuniu e Lula e Dilma trancaram as portas para mais uma conversa difícil. E a toda hora o PT oferece seus préstimos e generosos espaços para que Lula dê sua versão sobre as suspeitas das instituições brasileiras que desabam sobre ele, a mulher, os filhos. Lula, porém, está recolhido, sem encontrar uma narrativa minimamente convincente, inclusive para o distinto público eleitor e contribuinte.
Sem isso, a Polícia Federal, por exemplo, se prepara para a maior rebordosa. Assim como Lula lançou com inacreditável sucesso o bordão da "herança maldita" e a imagem da "elite branca de olhos azuis" para justificar todos os seus erros, a expectativa é de que eles todos passem a bombardear no imaginário popular que o juiz Sérgio Moro, o MP e a PF são "seletivos" e atuam em conluio com a oposição e com métodos da "Idade Média". É o marketing, ou a contrainformação.
Porém, uma coisa era Lula recém-eleito, surfando na espuma do "Fome Zero", ou Lula do alto de seus 80% de popularidade, com o País amortecido e acreditando em qualquer absurdo que ele dissesse. Outra é Lula agora, respondendo ao MP Federal, ao MP de São Paulo, à PF, a uma opinião pública massacrada pela indústria ladeira abaixo, o comércio fechando cem mil lojas, os trabalhadores perdendo milhões de empregos, o Brasil ameaçado de três anos consecutivos de recessão.
Dizer, Lula pode dizer o que quiser. Criar fantasmas, o PT pode criar à vontade. Tentar jogar a sociedade contra as instituições, pode ser. A questão é se há ambiente para tudo isso prosperar. O que todos esperam é que o maior líder popular da história recente do País tenha algo mais a mostrar do que marketing, jeitinhos, chicana de advogados, adjetivos e a sua velha e boa lábia. Os tempos, definitivamente, são outros.
Temer. Ao se dividir por oportunismo entre o impeachment de Dilma e a cassação da chapa Dilma-Temer, o PSDB jogou o vice-presidente (e o PMDB) no colo de Dilma e do PT. Ele estava se alinhando ao PSDB contra Dilma, mas virou-se para Dilma contra o PSDB. 

http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,o-que-lula-tem-a-dizer,10000016198
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