Meus caros,
como não se comover com essa menina maravilhosa? Essa menina fantástica, lição de vida ontem, quando ginasta, lição de vida hoje em que luta corajosa e diuturnamente para recobrar seus
movimentos?
Estamos com você na torcida SEMPRE, Lais!
Abaixo o depoimento exclusivo dela a Isabel Fleck, da Folha:
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Lais Souza conta como
enfrenta
'a maior prova de superação' da sua vida
DEPOIMENTO
A ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL A MIAMI
ENVIADA ESPECIAL A MIAMI
28/04/2014 03h51
Ao cair de esqui nos EUA em 27 de janeiro, Lais
Souza, 25, lesionou a coluna e ficou paralisada dos ombros para baixo. Agora internada no Jackson Memorial Hospital, em
Miami, já respira sem aparelhos, conseguiu mover um pouco o braço direito, e,
na última semana, ficou de pé numa cadeira especial.
A atleta, que representou o Brasil na ginástica nas
Olimpíadas de 2004 e 2008, treinava para competir pela primeira vez no esqui
aéreo nos Jogos de Inverno.
DEPOIMENTO
Quando eu acordei da cirurgia e vi que estava na
UTI, logo pensei: "Eu não morri. Mas, imagina, gente... não é possível que
não consiga me mexer". Foi só com o tempo que a ficha começou a cair.
Eu sempre tive menos medo de sofrer um acidente no
esqui do que quando eu fazia ginástica [olímpica]. Na ginástica, se você pula,
tem o risco de cair de cabeça, ou quebrar um braço, um pé. E isso é a toda
hora.
O esqui faz você ir muito alto, mas eu não tinha medo de cair de
pescoço. O meu medo era machucar o joelho de novo –mas uma lesão normal.
No dia do acidente, eu estava bem, sem a dor de sempre no joelho. Era perto da hora do almoço e estávamos fazendo um treinamento de velocidade numa montanha em Park City [Utah] em que eu nunca tinha esquiado.
Ia atrás do meu técnico, e a Josi [Santos, atleta brasileira],
mais atrás. Uma hora eu falei para ela vir de lado, freando, porque estávamos
muito rápido. Depois disso, eu não lembro de mais nada.
Só tenho flashes de depois do acidente: me lembro de pedir ajuda
para o meu técnico e de uma dor que não consigo explicar. Me lembro de entrar
no helicóptero, deitada, e de depois, na UTI, já acordando depois da cirurgia.
Foi muito bom perceber que estava viva.
Lais e a colega Josi Santos |
Eu tive que levar numa boa no começo, porque já estava me sentindo mal. Não conseguia respirar sozinha, não estava comendo, não falava.
Eu ainda fiquei um tempão na UTI com pneumonia. Eu tinha muita febre, 40 graus. Foi essa a parte crítica, em que corria risco de morrer.
Hoje me sinto bem melhor, e a dor forte na coluna e no pescoço está bem mais leve.
A cada coisa que vai acontecendo, a gente comemora. Eu sinto quando a minha bexiga está cheia e sinto pontos no dedinho e no anelar da mão esquerda. Na mão direita, sinto o indicador, na raiz.
Quando faço exercício na bicicleta, eu também sinto um formigamento na planta do pé.
A dor agora tem um outro significado no meu corpo. Hoje, como ela é rara, é bom quando acontece.
Os médicos sempre trabalham com calma quando aparece algo novo, e, como ainda tem o edema na área da cirurgia, ainda tem muito para acontecer. Mas, para mim, cada ponto que sinto é como uma luz no fim do túnel.
Primeira entrevista de Lais, ao Fantástico do dia 23 de março de 2014. Para assistir na íntegra, clique AQUI (a Globo é escrota e não permite o embed de seus vídeos)
Primeira entrevista de Lais, ao Fantástico do dia 23 de março de 2014. Para assistir na íntegra, clique AQUI (a Globo é escrota e não permite o embed de seus vídeos)
Mensagem de Páscoa de Lais para o Fantástico, na qual ela mexe seu braço. (Consegui fazer
o download do site da Globo. Continuo tentando baixar o outro)
Um dia, deitada, deixei o braço direito de lado, pendurado, e
consegui mexer um pouco o antebraço para o lado.
Não fiquei assustada, mas me surpreendeu. Fiquei um pouco emocionada, porque é pouca coisa, mas é, né? Em termos de movimento, foi minha maior conquista até agora.
Respirar sem aparelho foi outra. Minha família tinha ouvido dos médicos que eu poderia nunca mais respirar sozinha. Quando falaram isso para mim, eu simplesmente fingi que não ouvi.
Eu continuo fazendo exercícios para dilatar o pulmão, e ainda não consigo gritar alto, por exemplo. Se eu quiser cantar, também tenho um pouco de dificuldade.
Reportagem do UOL com Lais
Esperança eu tenho de mexer todo o meu corpo. Se depender de mim,
é isso que vai acontecer. Mas como tem muita coisa acontecendo agora –a lesão,
a cirurgia–, tem que esperar tudo se assentar para eu ter a real conclusão do
que foi o meu acidente.
Quero principalmente mexer meus braços. Eu não consigo arrumar meu
cabelo, comer, coçar o nariz. Essa coisa de ter que pedir para alguém fazer
para mim é muito difícil, porque eu sempre fui muito independente.
Hoje, quando quero sentir alguma coisa, como o tecido de uma blusa
nova, eu ponho no meu rosto, ou na boca.
É um mundo novo que estou vivendo, mas que consigo comparar com
muita coisa que já tive, quando competia ou treinava.
A cada exercício que faço na fisioterapia, eu tenho que lutar para
mexer alguma fibra muscular que sobrou no meu corpo. E para tentar, faço uma
força imensa, como se estivesse treinando mesmo.
O fato de ser atleta com certeza tem me ajudado, com a disciplina,
a maneira de pensar. Eu já era acostumada, por exemplo, a me esforçar demais e
a tentar ultrapassar o meu limite. Mas esta está sendo a maior prova de
superação da minha vida.
Eu faço duas sessões de fisioterapia, uma delas de terapia
ocupacional, de manhã e duas à tarde. Tenho gostado mais da ocupacional, porque
eles pensam na adaptação do paciente no dia a dia.
Também estou tendo aulas de inglês, aprendendo termos mais
específicos, para que eu possa falar mais corretamente com as enfermeiras e com
os terapeutas.
Quando tenho tempo livre, às vezes eu vejo um seriado ou um filme. Vi um dia desses "Orange is The New Black", mas só tem uma temporada. Fiquei triste quando acabou. Mas eu amo mesmo é ouvir música. Gosto de tudo um pouco, só não ouço muito samba e pagode.
Meu domingo é para passear ou descansar. Nós [ela, a mãe e a
fisioterapeuta] pegamos o metrô, vamos ao shopping. Ainda não consegui ir à
praia, mas estamos planejando.
Eu não consigo concluir o pensamento ainda sobre como será meu
futuro, porque tem muita coisa em jogo. Sei que para um futuro mais próximo, eu
quero ajudar pessoas que têm a mesma lesão.
Tem muita gente que sofre o acidente e não sabe por onde começar.
Estou tendo muita sorte. Estão acontecendo muitas coisas boas pra mim.
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Campanha EU APÓIO LAIS
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