quarta-feira, 16 de março de 2016

"O estilo é o homem", por Ruy Castro


Ruy Castro


Análise boa de Ruy Castro, sobre o estilo asqueroso de Lula. Só lamento que o comentário acerca Jânio seja reduzido à piadinha, como sempre. Ruy perdeu uma bela oportunidade de comparar o estilo de se relacionar com povo e imprensa, dos dois ex-presidentes mais populares do Brasil em toda a República. Um deles, inteligente e culto, o outro, cretino e falastrão. Mas vale pelas verdades que diz sobre o ex-sindicalista, hoje considerado um dos piores corruptos da história do Brasil.
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O Estilo é o Homem

Ruy Castro

Os presidentes não precisam ser eruditos. Mas, na República Velha, o Brasil teve um: Washington Luiz, historiador, autor de livros e ensaios. Rodrigues Alves e Afonso Pena também eram homens cultos. Já o marechal Hermes da Fonseca era famoso pela burrice, e só. Com a Monarquia ainda na memória, todos os presidentes daquela época buscavam uma postura que lembrasse a do imperador recém-derrubado, ereta e digna.

Getúlio e Dutra eram austeros; Juscelino, exuberante; e Jango, tímido. Mas não se conhece uma frase deles que não pudesse ser lida por senhoras no café da manhã. E Janio, sempre três uísques à frente da humanidade, nunca errou uma mesóclise.

Castello Branco achava-se um intelectual, fazia citações em francês. Costa e Silva era grosso, mas sóbrio. Médici tinha a profundidade de um manequim de vitrine. Geisel amarrava a cara para não ter de falar. Figueiredo, sim, deixou frases para a história ("Prefiro o cheiro de cavalo ao cheiro de povo"), mas que só chocavam pelo conteúdo. E Sarney, Collor e FHC eram bons de verbo e divergiam apenas na maneira de mentir – com sinceridade ou cinismo.

Lula, por sua vez, transferiu a Presidência para o mictório do botequim. Em 2004, ao ouvir de um assessor que a Constituição o proibia de expulsar um jornalista estrangeiro, ejaculou, "Foda-se a Constituição!". O único a registrar a frase foi o repórter Ricardo Noblat, em seu blog. Não era algo a sair em letra de forma. Mas, hoje, como um ex-presidente em tempos mais liberais, Lula pode exercer seu estilo.

Está "de saco cheio" quanto a perguntas sobre "a porra" do seu tríplex que não é dele. A história do pedalinho é uma "sacanagem homérica". "Ninguém nasce com 'Eu sou um filho-da-puta' carimbado na testa". E eles que "enfiem no cu tudo o processo". O estilo é o homem. Perdão, leitores.

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