O impeachment da
presidente Dilma Rousseff será visto como o ponto final de um período iniciado
com a chegada ao poder de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, em que a
consciência crítica da Nação ficou anestesiada
31 Agosto 2016
O impeachment da presidente Dilma Rousseff será visto como o ponto final
de um período iniciado com a chegada ao poder de Luiz Inácio Lula da Silva, em
2003, em que a consciência crítica da Nação ficou anestesiada. A partir de
agora, será preciso entender como foi possível que tantos tenham se deixado
enganar por um político que jamais se preocupou senão consigo mesmo, com sua
imagem e com seu projeto de poder; por um demagogo que explorou de forma inescrupulosa
a imensa pobreza nacional para se colocar moralmente acima das instituições
republicanas; por um líder cuja aversão à democracia implodiu seu próprio
partido, transformando-o em sinônimo de corrupção e de inépcia. De alguém,
enfim, cuja arrogância chegou a ponto de humilhar os brasileiros honestos,
elegendo o que ele mesmo chamava de “postes” – nulidades políticas e
administrativas que ele alçava aos mais altos cargos eletivos apenas para
demonstrar o tamanho, e a estupidez, de seu carisma.
Muito antes de Dilma ser apeada da Presidência já estava claro o mal que
o lulopetismo causou ao País. Com exceção dos que ou perderam a capacidade de
pensar ou tinham alguma boquinha estatal, os cidadãos reservaram ao PT e a Lula
o mais profundo desprezo e indignação. Mas o fato é que a maioria dos
brasileiros passou uma década a acreditar nas lorotas que o ex-metalúrgico
contou para os eleitores daqui. Fomos acompanhados por incautos no exterior.
Raros foram os que se deram conta de seus planos para sequestrar a democracia
e desmoralizar o debate político, bem ao estilo do gangsterismo sindical que
ele tão bem representa. Lula construiu meticulosamente a fraude segundo a qual
seu partido tinha vindo à luz para moralizar os costumes políticos e liderar
uma revolução social contra a miséria no País.
Quando o ex-retirante nordestino chegou ao poder, criou-se uma atmosfera
de otimismo no País. Lá estava um autêntico representante da classe
trabalhadora, um político capaz de falar e entender a linguagem popular e,
portanto, de interpretar as verdadeiras aspirações da gente simples. Lula
alimentava a fábula de que era a encarnação do próprio povo, e sua vontade
seria a vontade das massas.
O mundo estendeu um tapete vermelho para Lula. Era o homem que garantia
ter encontrado a fórmula mágica para acabar com a fome no Brasil e, por que
não?, no mundo: bastava, como ele mesmo dizia, ter “vontade política”. Simples
assim. Nem o fracasso de seu programa Fome Zero nem as óbvias limitações do
Bolsa Família arranharam o mito. Em cada viagem ao exterior, o chefão petista
foi recebido como grande líder do mundo emergente, mesmo que seus grandiosos
projetos fossem apenas expressão de megalomania, mesmo que os sintomas da
corrupção endêmica de seu governo já estivessem suficientemente claros, mesmo
diante da retórica debochada que menosprezava qualquer manifestação de
oposição. Embalados pela onda de simpatia internacional, seus acólitos chegaram
a lançar seu nome para o Nobel da Paz e para a Secretaria-Geral da ONU.
Nunca antes na história deste país um charlatão foi tão longe. Quando
tinha influência real e podia liderar a tão desejada mudança de paradigma na
política e na administração pública, preferiu os truques populistas. Enquanto
isso, seus comparsas tentavam reduzir o Congresso a um mero puxadinho do
gabinete presidencial, por meio da cooptação de parlamentares, convidados a
participar do assalto aos cofres de estatais. A intenção era óbvia: deixar o
caminho livre para a perpetuação do PT no poder.
O processo de destruição da democracia foi interrompido por um erro de
Lula: julgando-se um kingmaker,
escolheu a desconhecida Dilma Rousseff para suceder-lhe na Presidência e
esquentar o lugar para sua volta triunfal quatro anos depois. Pois Dilma não
apenas contrariou seu criador, ao insistir em concorrer à reeleição, como o
enterrou de vez, ao provar-se a maior incompetente que já passou pelo Palácio
do Planalto.
Assim, embora a história já tenha reservado a Dilma um lugar de destaque
por ser a responsável pela mais profunda crise econômica que este país já
enfrentou, será justo lembrar dela no futuro porque, com seu fracasso
retumbante, ajudou a desmascarar Lula e o PT. Eis seu grande legado, pelo qual
todo brasileiro de bem será eternamente grato.
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