sexta-feira, 1 de abril de 2016

"Do STF pra Lulinha, com amor e sordidez", por José Nêumanne Pinto

JOSENEUMANNE
01 Abril 2016 | 09:47

STF decidiu deixar Lula dormir sem a ameaça do Japonês da Federal à porta por mais uns dias, só Deus sabe quantos

Sob a proteção da deusa surda e venda

A decisão do Poder Discricionário de dar um prazo pra sossego e paz pro Jararaca & Ratão, ao contrário do que possam pensar os desinformados e desavisados, tem menos que ver com o fato de a grande maioria dos membros ter sido nomeada por ele e pela Presidanta Dilama (apud Edgardo Pires Ferreira), e muito mais pela histórica tradição leniente da mais alta instância da Suprema Chicana. Esta inocentou Collor, que tinha sido impedido, por falta de provas. E enterrou a Operação Castelo de Areia por firulas jurídicas a gosto de Márcio Tomem Bestas, adequando-se à sua condição de Elevada Corte. O mensalão não fugiu a essa regra. Os bagrinhos, incluindo a banqueira, cumprem pena e os vassalos da Coroa Mandante palitam os dentes sossegados em casa. Zé Dirceu é a exceção porque reincidiu e até o rábula mais rastaquera sabe que reincidência não se perdoa. Isso até certo ponto. Antes de Levando os Ovos se aposentar, o operador da quadrilha será liberado para gozar do ócio furtado em suas casas de campo. Lulinha Faz Amor Ni Nóis não ignora o princípio aritmético que faz de 67 (condenados na primeira instância da República de Curitiba) ou de 17 (sentenças de Moro), número muito maior do que zero condenação de amigos de fé, irmãos, camaradas pela Tribuna Extrema. Enquanto ele estiver fora da jurisdição do juiz que condena, estará à disposição da subordinada no desgoverno para comprar votantes do Bordel Federal com dinheiro nosso nas mãos do Brechó de Madama, que funciona na sede dos Palhaços da Terraplenagem Subornante.
Nêumanne
Ontem se fez o óbvio: os políticos têm um pouquinho de medo (muito pouco, é verdade) do Cidadão da Silva, porque depende de votos. Mas a prerrogativa necessária da manutenção da Corte (em todos os sentidos da palavra, inclusive o que envolve lisonja e assédio) fora do alcance do clamor popular não os imuniza da contaminação de convescotes de caviar e champanha do Planalto Central, a distâncias cósmicas das planícies da produção e do consumo. Tornados estrelas do Impeachment Circus, os membros da Corte do Gentil Aliciamento só não levam câmeras e microfones pra casa porque não querem carregar peso e sabem que estes estão sempre à disposição de tutti quanti. E as lisonjas que os cercam (nomeação de rebentos para postos públicos vitalícios pagos pela plebe ignara, entre outras) os impedem de enxergar o pressuposto evidente da própria vitaliciedade, que lhes permitiria, se lhes aprovousse, praticarem a ingratidão, segundo o velho De Gaulle a maior virtude dos poderosos.
Eu sei que hoje é sexta, dia de festa, mas não esperem deste velho e desacorçoado profissional da comunicação condescendência com a malandragem. Nesta véspera de folga, cabe-me apenas destilar fel que nem o vício da  água de coco consegue amenizar. Cuide-se, camarada! Estão fechando a torneira da Lava Jato. A sorte de Sérgio Moro, alvo da inveja vil e da covardia parva, está em nossas mãos. Se relaxarmos, teremos de conviver com a impunidade que ele tenta desafiar.

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